Em Destacamento Blood, o cineasta Spike Lee plantou uma árvore inteira na minha cabeça. O longa faz uma denúncia forte conectando a chamada “guerra do Vietnã” com racismo – já sabia que o confronto criou uma verdadeira epidemia de viciados em heroína, mas nunca havia pensado sobre a questão racial.
Em uma cena, um personagem deixa joga uma granada na cabeça do espectador ao renomear uma das maiores vergonhas militares dos Estados Unidos. Ao invés de chamar de “Guerra do Vietnã”, ele chamou de “Guerra dos Estados Unidos”, afinal, foram eles que invadiram a porra toda.
Isso ficou na minha cabeça. O nome antigo mexe no inconsciente da gente e transforma o Vietnã em inimigo. É um jogo sujo de palavras para mexer com a nossa percepção. A pior parte é que funciona muito bem. Fica até difícil rebater o argumento de “mas a guerra foi no Havaí, por acaso?”. Pois é. Geograficamente, de fato, aconteceu no Vietnã (e também em Laos e Camboja, entre 1955 e 1975). Mas não foram eles que procuraram confusão, veja bem.
O mesmo acontece em pleno 2025. Ou há 78 anos, quando a ONU teve a ideia de dividir a Palestina em dois Estados. A gente escuta muito que é uma questão Palestina, Guerra na Palestina e coisas parecidas. A realidade é o nome correto deveria ser Invasão de Israel.
Os genocidas israelenses tiveram a cara de pau de tentar dramatizar suas perdas após a retaliação iraniana. Engraçado, né? A hipocrisia é uma doença séria.
Talvez a gente precise chamar de Guerra de Israel e Estados Unidos agora.
Mas o que isso tem a ver com tráfego?
Tanto para quem trabalha campanhas orgânicas ou pagas, essa Guerra causará impactos.
Caso você não seja do mercado digital, talvez esteja se perguntando “como assim“? E tá tudo bem. Acontece que os anúncios rodam, principalmente, dentro das redes sociais. Os anúncios disputam a atenção dos usuários.
Quando você tem uma notícia da entrada dos EUA na Guerra de Israel ou o Botafogo ganhando do PSG no Super Mundial de Clubes da FIFA, o público começa a consumir um volume maior de notícias e conteúdos.
O impacto é mais anunciante entrando em ação para fisgar a atenção do potencial comprador. Como os anúncios funcionam como um tipo de leilão, ganha quem tem mais dinheiro investido para conseguir pagar mais caro no clique. O problema é tentar fisgar a atenção do usuário, que geralmente ignora a maioria dos anúncios.
Minha dica é: se você pretende anunciar agora, prepare o estômago (e o bolso) e seus melhores criativos. Ad ruim não vai converter e você vai pagar mais caro. Fico com dó de quem planejou um lançamento exatamente para esse período.
Um bom estrategista sabe identificar riscos e antecipa possíveis soluções. Pós-pandemia e bloqueio do Xtwitter no Brasil mostram que os impactos político-sociais nunca devem ser subestimados.