Spoiler: Não é sobre disciplina. É sobre teimosia emocional com boas doses de café e sarcasmo.
Tem dias que a escrita flui. Você acorda inspirado, as palavras dançam, o texto se escreve sozinho e você se sente o filho perdido da Clarice Lispector com o Neil Gaiman.
E tem os outros dias.
Aqueles em que o cursor pisca como deboche. A página em branco te encara como uma ex rancorosa. E você começa a cogitar vender brigadeiro no farol em vez de terminar aquele maldito capítulo.
Se identificou? Bem-vindo.
Aqui vai um guia realista, prático e sem romantização barata pra te ajudar a manter o compromisso com a escrita mesmo quando tudo parece um caos e sua criatividade tirou férias sem aviso prévio.
1. Aceite: dias ruins fazem parte do pacote
Você não é menos escritor por ter dias improdutivos.
Aliás, você é mais escritor ainda se continuar mesmo assim.
Escrever é fácil. Difícil é sentar pra escrever quando você quer sumir do planeta.
Escritores profissionais não escrevem porque estão inspirados. Eles escrevem porque estão comprometidos. A inspiração? Ela que lute.
2. Redefina “escrever” nos dias difíceis
Escrever nem sempre é digitar 2.000 palavras brilhantes. Às vezes é:
-
Rabiscar ideias num guardanapo
-
Fazer uma lista de nomes de personagens
-
Reescrever um parágrafo que estava te irritando
-
Cortar palavras repetidas de um diálogo
-
Reler algo antigo e perceber que melhorou
Produtividade criativa não é sprint. É resiliência. E todo passo conta, mesmo o manco.
3. Use microcompromissos: o mínimo viável de escrita
Esqueça metas ambiciosas. Nos dias ruins, meta é sobrevivência emocional.
Tente coisas como:
-
“Vou escrever uma frase.”
-
“Só vou revisar esse parágrafo.”
-
“Só vou abrir o documento. Se eu escrever algo, beleza.”
É o famoso “só a cabecinha” da produtividade. Às vezes basta isso pra destravar.
4. Crie um ritual anti-autossabotagem
-
Mesma música
-
Mesmo chá
-
Mesmo lugar
-
Mesmo horário
Condicionamento é real. Seu cérebro funciona como cachorro de Pavlov: ele aprende que, quando você acende a vela com cheiro de baunilha, é hora de parar de reclamar e começar a escrever.
5. Tenha um “Texto SOS”
Guarde um texto que você ama. Pode ser seu ou de alguém que te inspira.
Nos dias ruins, leia esse texto. Em voz alta. Com carinho.
É o seu lembrete emocional de que escrever vale a pena — mesmo quando tudo parece desmoronando.
6. Tire o perfeccionismo da sala (ele fede)
Nos dias bons, ele já incomoda. Nos dias ruins, ele é insuportável.
Se permita escrever mal. Escrever torto. Escrever bosta.
Melhor texto ruim do que nada. Texto ruim revisa. Página vazia, não.
7. E se não der mesmo? Tudo bem.
Tem dia que o mundo ganha. O chefe, o boletim do cartão, a chuva, a ansiedade, o luto, o cansaço.
E tá tudo bem não vencer esse dia.
Mas faça um pacto com você mesmo:
“Amanhã, eu volto.”
Porque compromisso não é rigidez. É reconhecer que escrever faz parte de quem você é — mesmo quando você quer esquecer.
Conclusão: Escrever nos dias ruins é um ato de resistência
Você não precisa escrever como um gênio todos os dias.
Mas se você escrever como um humano que insiste, já é mais do que suficiente.
Escrever em dias bons é prazer.
Escrever em dias ruins é caráter literário.