Sim, você pode usar clichês — desde que saiba o que está fazendo. O problema não é o clichê em si, mas o uso preguiçoso e sem propósito. Quando bem explorado ou subvertido, um clichê pode até se tornar uma ferramenta poderosa na sua narrativa.
O que é um clichê na escrita?
Clichê é uma ideia, expressão, situação ou personagem que já foi tão usada que perdeu o impacto original. É o famoso:
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“Era uma vez…”
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“Ele acordou de um sonho e tudo tinha sido imaginação”
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“O mocinho salva a mocinha no último segundo”
São elementos previsíveis — e por isso, arriscados. Mas nem sempre ruins.
Por que os clichês são tão comuns na literatura?
Porque funcionam. Clichês existem porque tocaram o coração das pessoas repetidas vezes. Eles:
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Conectam com emoções universais;
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São atalhos narrativos;
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Criam familiaridade com o leitor.
O problema começa quando viram muletas criativas, substituindo originalidade por fórmula.
Quando um clichê pode funcionar bem?
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Quando você o subverte (faz o oposto do esperado);
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Quando o contextualiza de forma inusitada;
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Quando usa como ponto de partida e não de chegada.
Exemplo: O herói destinado pode se recusar a cumprir seu papel. A princesa pode resgatar o príncipe. O vilão pode ser… você.
Como evitar que o clichê soe forçado?
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Dê profundidade aos personagens: um “vilão clássico” com uma motivação original vira ouro.
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Trabalhe a linguagem: um texto elegante pode transformar uma ideia batida em algo novo.
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Misture clichês com elementos originais: uma ambientação diferente já muda tudo.
Lembre-se: o leitor perdoa o clichê, mas não a preguiça.
Exemplos de clichês que ainda funcionam (quando bem usados)
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Triângulo amoroso — funciona em Crepúsculo, Os Jogos Vorazes e em 9 de cada 10 novelas.
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O Escolhido — de Harry Potter a Neo, o arquétipo encanta quando tem camadas.
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Viagem do herói — mesmo sendo o maior dos clichês, ainda é a espinha dorsal de grandes histórias.
FAQ: Clichês na Escrita Criativa
Todo clichê é ruim?
Não. Clichês são ferramentas. Ruim é o uso automático, sem personalidade.
Como saber se estou usando um clichê?
Se você já viu a cena/expressão/personagem dezenas de vezes em outras histórias, é um sinal de alerta. Mas nem sempre é motivo para cortar — às vezes é só sinal de que você precisa tratá-lo melhor.
Clichês podem ser ironizados?
Sim! Aliás, ironizar clichês é um recurso narrativo forte. Vide Quentin Tarantino.
Clichês funcionam na comédia?
Com certeza. O exagero de clichês é base para muitos gêneros cômicos.